Pensar na vida, nos conceitos, nos relacionamentos... o que nos resta além disso?

terça-feira, 22 de setembro de 2009

As Árvores somos nós :)

Uma árvore grande e antiga tem raízes grandes e resistentes... ela se agarra à terra com força e determinação e teima em crescer. Se suas raízes encontram uma calçada não exitam em aplicar toda sua força para destruir o obstáculo. Se encontra outras raizes de outras árvores à sua volta as sufoca e as liquida.

Pensei na metáfora da árvore quando estava aqui chafurdando nos meus pensamentos e na tendência à teimosia cega. Vivemos num mundo de idéias e numa era onde somos incentivados quase que agressivamente a "defender nossos ideais" sob a pena de "parecermos fracos" se não o fizermos.

Pense você também em quantas vezes você se viu regando uma árvore de intolerância com raízes fortes e pouca propensão à queda... pense em quantas vezes te custou demais abrir mão daquela opiniãozinha tão querida, ou daquela posição com a qual você se apegou... pense naquelas vezes em que lá no fundo você sabia que a outra pessoa tinha mais "razão" que você, mas mesmo assim você não abriu mão do seu "ideal" por pura teimosia ou pelo simples fato de que se o fizesse você pareceria fraco, ou "sem personalidade" ou um perdedor. Ou ainda as vezes que você simplesmente nega a verdade do outro. Nega sem pensar por que. Sofre e se acha injustiçado e imcompreendido.

Parece que compensamos um pouco de nossas frustrações, das coisas que não conseguimos mudar/fazer nesses pequenos prazeres gratuitos que nosso mecanismo psíquico proporciona.. coisas desse tipo são só nossas e só nós podemos entender o que tem por trás delas... decerto há um ganho qualquer com isso... seja o se sentir superior, mesmo que à "força", seja não dar o braço a torcer...com certeza questões puramente narcísicas.

Esse tipo de coisa é bem parecido com essa árvore que descrevi no começo do post. São nossos mecanismos de defesa agindo. Não queremos de jeito nenhum abrir mão da sombra e da comodidade que nossa árvore nos oferece. Nela eu sei até onde vai a sombra, sei quando tenho0 frutos, sei o quanto posso subir nela sem cair. No entanto podemos, sim, transitar por outras árvores, por outras idéias, saborear frutos de outro tipo para finalmente escolher onde queremos ficar, pelo menos por hora...

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A morte e a vida...

Vivemos alheados emocionalmente da morte. A maioria das pessoas tem tanto medo da morte que faz o fato de pensar nela um tabu que não deve ser infringido. Talvez esse fato corrobore com o que Siro ponderou: que "...o medo da morte é mais cruel do que a própria morte."

É fato que usamos normalmente um esquema de economia psíquica onde nos afastamos daquilo que nos é desprazerozo. Uma vez que a elaboração da morte é algo extremamente denso é compreensível que ninguém, de bom grado, se proponha a pensar detidamente sobre a morte, a não ser que seja forçado a isso com a morte de alguém de suas relações ou quando a pessoa está acometida de uma enfermidade cuja perspectiva de morte é um cenário menos distante. Segundo Freud: “Nada que se assemelhe à morte jamais pode ter sido experimentado." Será por isso que o desamparo com o qual nos deparamos no luto é tão intenso? Não temos referência de nada tão terrível? Economizamos aqui para gastar aonde é inevitável: no momento em que percebemos que alguém querido se foi. Aí temos um trabalho e tanto pela frente: lembrar para esquecer. É como se a pessoa montasse cuidadosamente um belo ramalhete com três rosas: as lembranças queridas, a rotina presente e os planos futuros, e de repente, uma mão invisível viesse e arrancasse essas rosas deixando quem ficou apenas com seus caules. A semente para ressignificar a sua própria vida continua ainda ali, mas está tudo despedaçado e sem sentido, pois o investimento foi feito “em” e “com” alguém que não existe mais.

É preciso tempo e muito trabalho emocional para primeiro “aceitar” que nada trará de volta a pessoa amada. As lembranças queridas precisam “sangrar” o suficiente para depurar a dor e deixar, na medida do possível, que a pessoa abandone a posição melancólica. Não haveria prazo para isso, mas a melanolia não pode ficar. Algumas vezes a perda implica em uma mudança radical, inclusive no que é mais sagrado para a pessoa: sua rotina. O desamparo e a necessidade de tomar decisões é algo doloroso para uma pessoa que não tem condições de decidir nem mesmo pelo trivial. Refazer a própria vida e reinvestir em planos futuros é o grande desafio.