Pensar na vida, nos conceitos, nos relacionamentos... o que nos resta além disso?

quinta-feira, 28 de maio de 2009

A CIÊNCIA E O SEU PAPEL SOCIAL


Lembro da distância que sentia quando lia nos livros da escola o termo “cientista”. Naquela ocasião, essa palavra soava quase sempre como algo inacessível, representando na minha imaginação uma entidade quase divina. Nas explicações dos professores a palavra sempre era precedida por adjetivos como “o grande”, “o incrível” e isso gerava, acredito que não somente em mim como em todos, aquela sensação de que o cientista só conseguia fazer suas grandes descobertas por que era dotado de super poderes. A admiração parava por aí e a ciência na minha vida passou a ser apenas mais um tópico a ser despudoradamente “decorado” na época dos exames. Fora desse contexto a palavra ciência era ainda mais rara. Nunca conheci na infância uma criança que ao ser perguntada sobre o que queria ser no futuro dissesse: - Quero ser cientista! A resposta mais óbvia para esses casos é - Quero ser jogador de futebol!
No entanto a ciência está em tudo à nossa volta, trafegando livremente onde quer exista um ser humano. Poucos param para pensar nela num contexto mais prático, apesar de seus benefícios estarem por trás de aspectos cotidianos e comuns à maioria das pessoas como a medicina e a tecnologia. Até parece que o assunto é um tabu. Não deveria essa ciência se aproximar de maneira mais palpável do homem? Como podemos querer uma safra generosa de cientistas no nosso país se a imagem que projetamos deles é no máximo a de “um esteriótipo humano esquisito por trás de lentes grossas de óculos”? Precisamos democratizar a ciência. Nossas crianças e jovens precisariam ser estimulados desde cedo a fazerem experimentos como quem brinca. Precisamos socializar a ciência e sim, ela pode ser divertida. Que criança não gostaria de aprender a lançar um foguete de brinquedo? Por trás disso aprenderia, na prática, os princípios da Física. Quantos talentos estão se perdendo atrás de escritórios mergulhando no anonimato de trabalhos previsíveis, e algumas vezes medíocres, enquanto seu poder criativo seria capaz de gerar benefícios tão mais significativos para a humanidade!
Esses cientistas, dos quais falávamos na escola primária, não são gênios inacessíveis e essa constatação não desmerece suas maravilhosas conquistas. Eles nasceram numa determinada realidade com desafios e limitações próprias de sua época, assim como todos nós. Da mesma forma, a ciência não é algo abstrato e concebido apenas por poucos e para poucos. A ciência tem cor, cheiro e sabor, mas para ver, sentir e provar é preciso tirá-la do abstrato mundo das idéias e trazê-la para as ruas, para as escolas e para o cotidiano. Isso implicaria ainda cuidar para que nessa parcela de futuros cientistas estivessem presentes crianças de todos as classes econômicas, senão serviria somente como mais um objeto de exclusão. Não valeria a pena?

2 comentários:

  1. Tem um artigo do Leopoldo de Meis sobre isso que é bem legal. Se quiser, dá uma olhada aqui. Eu acho que tenho o artigo em algum lugar. Bj,

    ResponderExcluir
  2. hey!

    brilhante abordagem!
    peguei seu blog pelo da raizza!

    cotinue assim!

    e visite a taverna sempre que quizer!

    tudo de bom!

    ResponderExcluir